A presença judaica no Brasil nos leva a uma viagem no tempo até 1500, quando a frota de Pedro Álvares Cabral contava com a presença de dois integrantes de ascendência judaica. Um deles foi o navegador Gaspar da Gama.
Considerado o primeiro judeu a colocar os pés em terras brasileiras, viveu na Índia, era conhecedor de línguas orientais e tinha anteriormente colaborado em expedições de Vasco da Gama com destino à Ásia. O segundo foi mestre João. Astrônomo, astrólogo e médico particular do rei Dom Manuel, foi ele quem pela primeira vez localizou o Brasil no mapa com exatidão, improvisando um observatório astronômico em uma praia no sul da Bahia.
Entre os séculos XVI e XVIII, as perseguições que marcaram a vida dos judeus na Europa se reproduziram no Brasil, por meio das ações da Inquisição na colônia. Muitos tiveram que esconder sua identidade judaica e outros tantos foram obrigados a se converter ao cristianismo. Entre 1630 e 1654, o domínio holandês em Pernambuco trouxe liberdade religiosa e evidenciou a importância dos judeus no cultivo e na exportação de açúcar, um dos principais produtos da economia nacional até hoje. É dessa época a inauguração da primeira sinagoga das Américas, que funciona atualmente como centro cultural em Recife (PE).
No século XIX, judeus de regiões do Norte da África estiveram entre os personagens que atuaram no ciclo da borracha na Amazônia. O imperador Dom Pedro II foi um grande admirador da cultura judaica. Teve aulas frequentes de hebraico e em 1876 empreendeu uma viagem de quase 30 dias à Terra Santa. Já no exílio em Paris, em 1890, o monarca e dedicou à tradução de poemas na língua bíblica.
A maior parte do que é a comunidade judaica brasileira hoje é formada por descendentes de famílias que vieram de diversas partes do mundo, durante o século XX. Alemanha, Polônia, Rússia e nações árabes estão entre as principais regiões de origem. Famílias que partiram de um ambiente hostil nesses países e encontraram no Brasil um lugar aberto e receptivo para continuar sua vida normal.
A comunidade judaica brasileira é formada por cerca de 120 mil pessoas, a maioria já nascida aqui. Elas se distribuem principalmente nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, além de Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR), Manaus (AM), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Salvador (BA), entre outras. Sua história e suas tradições são um componente no rico universo cultural que forma sua identidade brasileira.
Essa comunidade de judeus brasileiros contribui em diversas áreas para o desenvolvimento do país: música, literatura, artes, economia, política, construção civil, televisão, medicina, pesquisa, assistência social, educação, mídia, comércio, ciência e muito mais. Uma comunidade que tem em sua base os valores de conhecimento, liberdade e ajuda ao próximo.
FONTES:
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/os-judeus-e-a-selva.phtml
http://www.morasha.com.br/brasil/judaismo-na-corte-de-d-pedro-ii.html
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiadobrasil/inquisicao-no-brasil.htm
https://brasil500anos.ibge.gov.br/territorio-brasileiro-e-povoamento/judeus/cristaos-novos-no-brasil-colonia.html